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Chapter 23 - Capítulo 22 – Labirinto de Memórias: Parte I

O silêncio era a única coisa real.

James andava em círculos, mas o chão era o mesmo — um véu branco sem textura. O ar parecia, denso como o vidro prestes a se partir. A cada passo, sua própria respiração ecoava com mais força.

De repente, uma voz infantil ecoou, suave e trêmula:

— "Você disse que voltaria… mas nunca voltou."

James virou-se. Um garoto estava sentado sobre o nada, abraçando os próprios joelhos. Vestia roupas esfarrapadas e tinha olhos parecidos com os dele, mas mais escuros. Olhos que conheciam a solidão.

— "Quem é você?" — James perguntou, embora sentisse que já sabia a resposta.

— "Sou o que você deixou para trás." — "Sua infância. Sua fome. Seus medos", completou a voz do garoto. "Quando chorava e dizia que só queria saber quem era sua mãe."

A dor latejou em seu peito como um soco seco.

— "Isso é um truque", murmurou James, recuando.

— "É a verdade. E é só o começo."

O cenário foi se distorcendo lentamente como vidro derretido.

Agora estava em um campo aberto, durante a noite, cercado por fogo. Pessoas gritavam. Um vilarejo ardia em chamas. No centro do caos, uma mulher — jovem, ferida — protegia uma criança enrolada em panos, correndo entre as sombras.

James observou de longe, os olhos arregalados.

— "Mãe…?" — sussurrou.

A mulher virou-se bruscamente, os olhos cheios de medo. Seu rosto era vagamente familiar. Mas antes que ele pudesse se aproximar, uma figura encapuzada apareceu atrás dela. Um brilho vermelho — uma lâmina atravessou o peito da mulher.

Ela caiu.

Uma criança chorou.

James gritou e correu até ela… mas tudo desapareceu antes que pudesse tocá-la.

Estava de novo no branco.

Sozinho.

— "Essas memórias… são reais?" — Disse para o vazio.

A resposta veio com uma nova ilusão.

Estava ajoelhado em uma floresta — não como adulto, mas como garoto, coberto de lama e lágrimas. Um homem de armadura se afastou, montado em um cavalo escuro. James jovem corria atrás dele, chorando:

— "Pai! Espera! Pai!"

O homem sequer olhou para trás.

James caiu de joelhos, os punhos apertando o nada. Seu coração bateu em descompasso. A dor não era mais mágica, nem física.

Era abandonado.

Solidão.

Vergonha.

As vozes agora vinham de todos os lados — as zombarias da guilda, a risada de Kael, o desprezo de Eleanor.

— "Você é só um bastardo perdido."

— "Fracassado."

— "Um erro que nunca deveria ter existido."

As sombras ao redor dele tomavam forma — todas com seu próprio rosto.

James contra James.

Cada sombra representava um de seus medos: o fracasso, a morte, a insignificância, a raiva.

E eles o atacaram.

Ele lutou, socando, chutando, gritando… mas cada sombra que caiu se erguia novamente. Mais forte. Mais real.

Até que ele tombou, sangrando.

No chão.

E então, no fundo daquele vazio, uma única figura surgiu.

Eleanor.

Vestida com o mesmo traje do baile real, como no dia em que ele a viu pela última vez antes de ser abandonado.

Ela se abaixou ao lado dele, com o olhar frio.

— "Você ainda me ama?"

James não respondeu.

Ela sorriu… e cravou uma adaga em seu peito.

O mundo explodiu em vermelho.

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