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Chapter 8 - Capítulo 7 – Prova do Corpo: Parte I

Dentro da torre, James caiu de joelhos.

O chão não era de pedra. Era de osso. E respirava.

A luz da entrada se dissipou atrás dele, deixando apenas um céu sem cor e torres retorcidas no horizonte. Ele estava em outro lugar — fora do tempo, fora do mundo. Era isso que a Torre de Essência fazia: reescrevia a realidade para testar a essência de um ser até o último fio.

E o primeiro teste… era o corpo.

A dor voltou de imediato. As feridas mal curadas pulsavam. A magia em seu peito sussurrava, tentando se manifestar, mas a torre parecia conter sua energia, como se controlasse seu uso.

— "Aqui… a força bruta reina."

Uma voz ecoou sem dono, misturando-se com o som de garras arranhando metal.

Diante dele, uma arena se revelou. Circular, cercada por espinhos e colunas partidas. No centro, três figuras surgiram do nevoeiro.

James cambaleou para ficar de pé, seus punhos cerrados, a respiração irregular. Quando olhou com atenção, parou.

— "Não"… — ele sussurrou.

As figuras... eram ele mesmo.

Três versões suas.

A primeira, James aos 17 anos, ainda com o sorriso idealista, espada curta na cintura e olhos sonhadores — o James que acreditava que bastava ser bom e esforçado para ser aceito.

A segunda, aos 25, endurecido pelas lutas, cicatrizes no rosto, carregando a armadura da guilda que o expulsou — o James que tentou provar seu valor e foi traído.

A terceira... mais fria. Mais obscura. Um reflexo que ele ainda não havia vivido, mas que o olhava com desdém — um James moldado por fúria e poder irrestrito, envolto em sombra viva, o Coração exposto no peito como uma joia maldita.

— "Você quer vencer?" — o James mais velho falou. — "Então derrote o que ainda te impede."

Sem aviso, os três atacaram.

O jovem avançou primeiro, ágil, impetuoso. James bloqueou por instinto, mas recebeu um corte no ombro. A lâmina era real. A dor também.

O segundo veio logo atrás, golpes mais pesados, mais certeiros. James cambaleou, mal conseguiu reagir. O impacto jogou-o contra o chão de ossos.

E o terceiro… apenas observava.

James cuspiu sangue. Tentou acessar a magia. Um fio de vento surgiu, fraco. Mal o suficiente para afastar o inimigo mais jovem.

O segundo James desferiu um chute que o lançou contra uma coluna quebrada.

— "Esse é o peso do seu corpo, James," a voz ecoou. — "Carregando as escolhas, as falhas, o medo."

Ele tentou se erguer, mas seu braço não respondia.

O mais velho se aproximou e, pela primeira vez, atacou. Sem magia, sem técnica. Apenas brutalidade.

James gritou ao sentir o impacto direto no peito — o local onde o Coração pulsava. A dor foi aguda, como se quisessem arrancá-lo à força.

Mas no fundo da mente, algo despertava. Não magia. Apenas fúria.

— "Eles são você... mas também são as versões que você se recusa a aceitar."

James cravou os dedos no chão e se forçou a levantar, os joelhos tremendo.

— "Vocês... não vão me derrotar."

O mais novo riu. O mais velho avançou.

James desviou, pela primeira vez. Sentiu o fluxo do combate mudar.

Eles eram ele. Isso significava que também conhecia seus padrões. Seus medos. Suas falhas.

Num giro rápido, usou a força do inimigo contra si. Derrubou o James jovem e o desarmou com um chute. Virou-se a tempo de bloquear o ataque do segundo, mesmo que com dor — e o socou com força no maxilar.

O mais velho parou. Sorriu.

— "Então talvez… você tenha começado a entender."

A arena tremeu. O chão se abriu. E James foi engolido pela luz novamente.

Quando tudo parou, ele estava de pé. Sangrando. Mas inteiro.

A voz final sussurrou:

— "O corpo resiste. Mas você ainda está longe de sobreviver ao próximo teste."

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