Naquele fim de tarde, Michelle sentia-se inquieta. O orfanato já não parecia o mesmo. A presença da Dra. Emília, sempre firme e acolhedora, não bastava para conter o turbilhão de emoções que crescia dentro dela. Era como se algo estivesse prestes a mudar… novamente.
Desde a chegada de Enzo em sua vida, Michelle começava a olhar o mundo com outros olhos. A forma como ele a tratava, com respeito, paciência e gentileza, despertava nela sensações que jamais pensou conhecer. Era como se, finalmente, uma porta estivesse se entreabrindo para a esperança.
Enquanto isso, no escritório do orfanato, Dra. Emília folheava documentos antigos. Ao abrir uma pasta esquecida, deparou-se com o nome *Helena Oliveira*. Seus olhos se estreitaram. Era a mãe de Michelle. Uma mulher que havia deixado a filha ali aos três anos, alegando não ter condições de criá-la.
Mas algo nos papéis não batia. Havia um registro médico anexado: uma internação de Helena poucos meses antes da entrega da criança. E um nome que surgia discretamente: *Armando Villar*, homem influente, que, segundo boatos antigos, teve um envolvimento com Helena antes do abandono.
Dra. Emília ficou em silêncio, respirando fundo. Algo maior cercava o passado de Michelle.
Longe dali, Michelle e Enzo conversavam no jardim. Ela já não escondia o sorriso tímido, e ele, com um olhar sincero, disse:
— Você merece tudo de melhor, Michelle. E eu estou aqui… pra te ajudar a conquistar isso.
Michelle não respondeu de imediato. Apenas olhou para ele, sentindo, talvez pela primeira vez, que não estava mais sozinha.
As portas do passado começavam a ranger. E atrás delas, verdades estavam prestes a emergir.