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Chapter 9 - Magia Elemental

Leonard Everhart

O tempo nunca esperou por ninguém. Desde que nasci neste mundo, tenho sido forçado a me adaptar, a aprender as regras invisíveis que o regem. Em minha vida passada, eu comandava exércitos e moldava o destino de batalhas inteiras. Agora, sou apenas uma criança, limitada por um corpo frágil e um conhecimento que ainda não consigo aplicar por completo.

Mas há algo que nunca mudou: minha determinação.

Se este mundo opera sob leis diferentes, então preciso entendê-las. Se a força aqui não se resume apenas à estratégia e ao aço, mas à mana e aos elementos, então preciso dominá-los. Não posso me permitir ser um mero espectador enquanto outros ditam meu caminho.

Foi com esse pensamento que, naquela manhã fria, decidi dar mais um passo rumo ao desconhecido.

Essa introdução reforça a mentalidade do Leonard e cria uma transição suave para o restante do capítulo. O que acha?

Sentei-me no chão, fechei os olhos e tentei esvaziar minha mente. O vento frio da manhã roçava minha pele, e o mundo ao meu redor pareceu se dissolver no silêncio.

Aldrich havia dito que para despertar minha afinidade elemental, eu precisava sentir o fluxo da mana dentro de mim. Não bastava apenas desejar que acontecesse. Era preciso concentração, sensibilidade e controle.

Respirei fundo, tentando perceber algo além do que meus sentidos comuns captavam.

No início, nada aconteceu. Apenas o som distante das folhas farfalhando e minha própria respiração lenta e ritmada. Mas então, algo mudou.

Uma faísca vermelha surgiu à minha frente, vibrando no ar como uma brasa prestes a se acender. Logo depois, gotas cristalinas de água se formaram do nada, pairando suavemente. O vento ao meu redor pareceu ganhar vida, dançando em espirais invisíveis. Por fim, pequenos grãos de terra se ergueram do solo, flutuando por um instante antes de caírem novamente.

Abri os olhos, surpreso.

Diante de mim, os quatro elementos: fogo, água, vento e terra. Respondiam ao meu chamado.

Aldrich, que observava de perto, arregalou os olhos.

"Isso…" Ele franziu a testa, hesitando. "Isso é extremamente raro."

"Então eu tenho afinidade com os quatro elementos?" perguntei, ainda tentando entender o que acontecia.

"Sim. Poucas pessoas na história despertaram os quatro elementos. A maioria só tem afinidade com um, e alguns raros com dois. Você…" Ele me encarou com um olhar sério. "Você é uma anomalia."

Cruzei os braços e suspirei.

"Então é melhor que você não conte isso aos meus pais."

Aldrich arqueou a sobrancelha. "O quê?"

"Se eles souberem, vão fazer um alvoroço desnecessário. Meu pai provavelmente vai querer me treinar até cair, e minha mãe vai querer chamar meio mundo para me estudar."

Aldrich soltou uma risada curta, mas logo ficou sério.

"Isso não é algo que eu possa esconder deles, jovem mestre. Minha família serve à sua há gerações. Manter segredos como esse iria contra essa lealdade."

Suspirei.

"Então deixe que eu mesmo conto para eles."

Ele me analisou por um instante, então assentiu.

"Tudo bem. Mas se você demorar muito para contar, eu mesmo direi."

"Fechado."

Ele cruzou os braços, satisfeito.

"Ótimo. Agora, quero te levar a um lugar."

Fiz uma careta. "Que lugar?"

"Você verá."

Sem mais explicações, Aldrich me guiou para longe do campo de treinamento, seguindo por um caminho que serpenteava pela propriedade. Atravessamos um pequeno bosque e descemos por uma trilha estreita até chegarmos a uma construção de pedra robusta, escondida entre as árvores.

Era um tipo de cativeiro.

Franzi a testa. "O que é esse lugar?"

Aldrich olhou para a estrutura e depois para mim.

"Aqui vivem bestas de mana."

"Bestas de mana?"

Ele assentiu.

"São criaturas que, assim como os humanos, podem manipular mana. Mas, diferente de nós, elas não conseguem regenerar sua própria energia. Dependem de seus núcleos internos, chamados de Núcleos Bestiais, para armazenar e utilizar mana."

Olhei para a construção com um interesse renovado. Criaturas capazes de usar mana... Isso significava que elas podiam ser tão perigosas quanto um cavaleiro ou mago habilidosos.

"Fique aqui e observe," Aldrich ordenou, dando alguns passos à frente.

Um portão de ferro foi destrancado, e de dentro da jaula saíram seis lobos cinzentos. Seus olhos brilhavam em um tom azulado, e ao redor de seus corpos, pequenos resquícios de mana tremulavam como faíscas invisíveis.

"Esses são lobos cinzentos," explicou Aldrich. "Bestas de mana de rank D. ela são classificadas do rank D até o rank S."

Os lobos se espalharam ao redor dele, cercando-o em um semicírculo. Seus olhos brilhavam, atentos a cada movimento. Aldrich, no entanto, não parecia intimidado.

O primeiro lobo avançou em um salto veloz, suas garras brilhando com uma energia cortante. Num movimento rápido, Aldrich ergueu o braço, e uma corrente de vento explodiu sob seus pés, impulsionando-o para trás no último instante. O lobo acertou o chão, levantando poeira, mas antes que pudesse reagir, Aldrich girou o punho e disparou uma lâmina de vento certeira.

O corte abriu um ferimento na lateral da criatura, que recuou com um ganido de dor.

Os outros lobos não hesitaram. Dois deles atacaram simultaneamente pela frente, enquanto um tentou contorná-lo pela lateral. Os outros três permaneceram mais afastados, observando como se analisassem a situação.

"Ataques coordenados?" murmurou Aldrich. "Interessante."

Ele girou no próprio eixo, e uma rajada de vento se ergueu ao seu redor, criando uma barreira invisível. Os dois lobos da frente foram empurrados para trás, uivando de frustração. O que tentou atacá-lo pela lateral conseguiu se firmar, saltando em sua direção.

Erro fatal.

Com um simples estalar de dedos, Aldrich criou uma lâmina de vento e cortou o lobo no ar. A criatura foi lançada para trás, rolando pelo chão antes de se levantar com dificuldade.

Os três lobos que permaneceram à distância finalmente entraram em ação. Abrindo as bocas, conjuraram pequenas esferas de mana azulada que brilharam antes de serem disparadas contra Aldrich.

Ele sorriu.

Bateu o pé contra o solo, e uma corrente de vento envolveu seu corpo. No instante em que as esferas foram lançadas, ele se moveu.

Como uma rajada cortante, Aldrich avançou entre os projéteis, desviando no último instante antes de atingir o primeiro lobo. Com um golpe rápido, invocou uma lâmina de vento e acertou o flanco da criatura, derrubando-o.

O segundo lobo tentou fugir, mas Aldrich não deu tempo. Com um simples gesto, uma rajada de vento o atingiu por trás, jogando-o contra o chão.

Os últimos lobos hesitaram. A luta estava decidida.

Aldrich se virou para mim, cruzando os braços.

"Essa foi uma demonstração básica do que um cavaleiro treinado pode fazer contra bestas de mana."

Os lobos feridos se levantaram com dificuldade e recuaram para dentro do cativeiro. Aldrich não os perseguiu. Ele já havia demonstrado seu ponto.

Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo tudo o que vi. A velocidade, a precisão, a eficiência nos ataques...

Se um cavaleiro bem treinado conseguia lidar com seis lobos de mana sem dificuldades, então o que um verdadeiro guerreiro poderia fazer?

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