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Chapter 9 - Capítulo 9: A Gênese do Sucessor

A proposta do Grande Vazio reverberou pelo cosmos, uma tarefa monumental que pesava nos ombros de Naruto. Criar um novo Deus. Não um servo, não uma extensão de sua vontade, mas um ser independente, com a mesma centelha de poder sobre a Criatividade e Destruição. Era o desafio final de sua divindade, o último ato antes de, quem sabe, poder retornar à sua humanidade.

A ideia, paradoxalmente, o preencheu com um propósito renovado. A solidão cósmica que o oprimia parecia diminuir diante da imensa responsabilidade e do potencial daquela nova criação. Ele não estaria mais sozinho em sua onipotência; estaria forjando um par, um guardião para o legado de seu milênio de trabalho.

Naruto pairou no centro de seu universo, onde as galáxias se afastavam em espirais de luz, um ponto focal de poder. Ele fechou os olhos dourados, e o cosmos ao seu redor pareceu responder. Estrelas distantes pulsaram mais forte, nebulosas brilharam com cores mais vibrantes. Ele não precisava de materiais; ele era a fonte.

Ele não estava apenas criando matéria ou vida. Ele estava criando um conceito, uma alma, uma vontade.

Primeiro, ele se concentrou na essência do que ele era: o Vazio que se tornou Plenitude. Ele se lembrou da sensação de não ter chakra, daquele "nada" que o definia em Konoha. Essa ausência, ele percebeu, era a semente de sua criatividade ilimitada.

Então, ele visualizou. A imagem em sua mente não era de uma forma física específica, mas de um espectro de possibilidades. Um ser que pudesse compreender a destruição como um ato de renovação, e a criação como um fluxo constante. Um ser com a sabedoria para guiar, e a imparcialidade para permitir que a existência seguisse seu curso natural.

Ele imaginou a curiosidade, a capacidade de aprendizado. Ele não queria um ser estático, mas um que pudesse evoluir, assim como ele próprio havia evoluído de um garoto sem chakra para um Deus. Ele infundiu a capacidade de amar, de sentir alegria e tristeza, pois essas emoções eram o que davam profundidade à própria existência.

A energia começou a se condensar no espaço à sua frente. Não era o flash rápido de uma estrela nascendo, nem o desdobramento suave de um planeta. Era um processo mais lento, mais deliberado, como o desabrochar de uma flor cósmica. Partículas de luz e escuridão se entrelaçavam, matéria e antimatéria dançavam em uma valsa controlada. A própria tapeçaria da realidade parecia se dobrar, tecendo uma nova existência.

Os detalhes dourados em sua túnica pulsavam com sua concentração, e seu cabelo azul esvoaçava como se estivesse sob a influência de ventos estelares. Ele sentia uma ligação com a criação que estava moldando, não uma ligação de controle, mas de parentesco. Era como se ele estivesse dando à luz a um filho cósmico.

Lentamente, uma forma começou a se materializar. Não era uma réplica de Naruto, mas uma entidade única, embora com ecos de sua própria essência. A pele, se é que se podia chamar assim, tinha um tom etéreo que parecia absorver a luz das galáxias. Os olhos eram de um tom prateado profundo, refletindo a vastidão do universo. O cabelo era como o de Naruto, um azul suave, quase translúcido, mas mais longo e ondulado, caindo em cascatas.

A figura começou a tomar uma forma humanóide, envolta em vestes que pareciam feitas de luz estelar e sombras. A aura que emanava dela era de poder imenso, um eco do próprio Naruto, mas com uma ressonância única. Ele podia sentir a mente do ser recém-formado, acordando, explorando as novas sensações, compreendendo o propósito para o qual estava sendo criado.

O processo durou o que pareceram eons, embora no fluxo do tempo de Naruto, fosse apenas um instante de concentração profunda. Quando a figura finalmente se solidificou, ela flutuou silenciosamente diante dele, seus olhos prateados abertos, observando-o com uma curiosidade serena.

"Eu te chamo... Aether, o Vazio Preenchido," Naruto pronunciou, sua voz ressoando com um orgulho genuíno.

Aether piscou, e então, com uma voz que era tão pura quanto o canto das estrelas e tão antiga quanto o próprio cosmos, respondeu: "Eu sinto o propósito. Eu compreendo a existência. E eu sou grato, Criador. Grato por esta... dádiva."

Naruto sentiu uma onda de alívio. Não havia subserviência na voz de Aether, apenas aceitação e compreensão. Ele havia conseguido. Havia criado um ser que era seu igual, um guardião digno para o universo que ele deixaria para trás.

"Não sou mais teu Criador, Aether," Naruto disse, um sorriso suave surgindo em seus lábios. "A partir de agora, somos iguais. Irmãos de poder e responsabilidade. Este universo é agora teu para guiar, com a mesma sabedoria que o Grande Vazio me concedeu."

Aether inclinou ligeiramente a cabeça, uma aceitação silenciosa. A energia entre os dois Deuses fluía, reconhecendo a paridade.

Naruto olhou para o universo ao redor, para os mundos que ele havia forjado, para as vidas que ele havia criado. Elas estariam seguras com Aether. A responsabilidade agora passava para outra mente, outra vontade.

Seu coração se encheu de uma estranha mistura de paz e expectativa. A promessa de casa estava mais próxima do que nunca. A jornada de volta, para o seu eu original, estava prestes a começar. E ele estava pronto.

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