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O Trono das Ruínas

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Synopsis
Em um mundo de guerras, magia e traições políticas, dois indivíduos destinados à ruína despertam em corpos de personagens secundários condenados à tragédia mas agora com acesso a sistemas únicos. Erion Lysvard, o Príncipe Caído de Valastros, renasce com o conhecimento estratégico de todo um jogo que já dominou. Sylphavelle D’Aurenhart, sua noiva destinada ao martírio, recupera memórias de sua vida passada e um poder ancestral adormecido. Com a iminente queda do reino, cercados por inimigos, ambos desafiarão os papéis que o destino lhes reservou. Em meio a alianças, conspirações e batalhas épicas, eles não querem apenas sobreviver, querem vencer e reescrever a história.
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Chapter 1 - Capítulo 01 - O Príncipe e a Herdeira.

A chuva fina caia sobre as muralhas em ruínas do castelo de Valastros, como se até os céus lamentassem o destino do pequeno reino. As bandeiras já não tremulavam com orgulho, mas sim com o peso da iminência da queda. E, em meio a esse cenário melancólico, Erion Lysvard despertava sentado em um trono frio, os olhos azuis em tom escuro se abrindo pela primeira vez naquele novo corpo.

Sua visão ganhava cor aos poucos. Ele recobrou a consciência e, olhando ao redor com cautela e reconhecimento, percebeu que o quarto era luxuoso, ostentando colunas ornamentadas e tapeçarias desgastadas pelo tempo. Mesmo assim, ainda transmitia uma aura de nobreza antiga. Em uma superfície polida à sua esquerda, viu seu reflexo distorcido.

— Isso... não é um sonho. Sussurrou, olhando as próprias mãos com espanto contido, beliscando-se suavemente como se ainda pudesse acordar.

Mas não acordou.

O som firme e implacável do sistema ecoou em sua mente:

> [Tutorial Iniciado]

Reino de Valastros – Situação Atual:

• Exército ativo: 820 soldados, 110 cavaleiros.

• Recursos: escassos.

• Moral: instável.

• Vizinhos: Hostis.

Missão do Tutorial: Organize um Conselho de Guerra em até 24 horas.

"Valastros...? Eu transmigrei para o jogo que estava jogando?"

"Throne breaker: Ashes of Dominion" é um jogo de estratégia tática com elementos de RPG narrativo, ambientado em um mundo de fantasia sombria devastado por séculos de guerras entre reinos decadentes, cultos arcanos e criaturas ancestrais.

Lançado originalmente por um pequeno estúdio europeu, o jogo conquistou uma base de fãs cult por sua complexidade política, decisões morais de peso e sistema de campanha altamente ramificado. Cada escolha influencia alianças, rotas de conquista e até o destino dos protagonistas.

No modo Campanha Imperial, o jogador começa como uma figura secundária à beira da morte "OPríncipe Caído Erion do Reino Valastros" e deve tentar sobreviver, reconstruir seu reino e enfrentar ameaças internas e externas.

A rota de Erion é famosa por ser uma das mais difíceis: em quase todas as linhas narrativas, ele morre antes do primeiro grande ato. Vencê-la requer domínio tático e profundo conhecimento dos eventos históricos e personagens do jogo.

"Throne breaker não era só um jogo... era uma enciclopédia viva de desgraças medievais. Cada morte, cada traição, cada batalha, tinha raízes em algo maior. O modo campanha do Reino de Valastros era notório pela dificuldade injusta. Os fãs o apelidaram de 'O Prólogo da Morte'. Agora, eu sou o protagonista condenado daquele prólogo."

Erion suspirou profundamente. Apesar da situação desesperadora, um sorriso, um tanto sádico, surgiu em seus lábios. Ele conhecia esse mundo melhor do que qualquer um. Jogava esse jogo por anos. Dominava cada detalhe da campanha.

"É exatamente como o início do modo Campanha... E eu sou o Príncipe Caído Erion. Nas rotas normais, ele morre logo no prólogo."

"Se isso é um jogo, um mundo paralelo ou algo entre os dois... não sei. Mas fugir é inútil. Isso seria uma bandeira de morte certa. Preciso me mover. Entender onde estou na linha do tempo, organizar as forças e sobreviver."

Erion respirou fundo, sentindo o peso das expectativas invisíveis que começavam a se empilhar em seus ombros. A luz da manhã atravessava as altas janelas em feixes dourados, como se testasse sua nova resolução. Ele ajustou o humor, fechou os olhos por um instante e apagou de sua expressão qualquer vestígio de fraqueza ou dúvida. Não havia mais espaço para hesitação. O príncipe moribundo morreu com a noite passada.

Nesse momento, a porta se abriu com um leve rangido. Um servente entrou carregando uma bandeja com pequenos frascos de vidro e uma tigela fumegante com ervas medicinais. Caminhava com passos silenciosos, acostumado ao silêncio de um quarto de convalescença.

Ao erguer os olhos, porém, parou de súbito. A bandeja quase escorregou de suas mãos.

— V-vossa alteza...? Murmurou, incrédulo.

Ali, diante da janela aberta, de pé e altivo como um verdadeiro herdeiro de sangue real, estava o príncipe que até ontem não passava de uma sombra pálida sobre lençóis de linho.

Erion voltou-se para ele com calma.

— Pode deixar isso sobre a mesa... e chame o chanceler.

A voz soou firme, sem hesitação. E naquele instante, o servente percebeu: algo havia mudado.

Algum tempo depois, passos ecoaram pelo corredor de pedra polida. Cadenciados, precisos. Quando a batida soou na porta, Erion já estava sentado, trajando roupas sóbrias, mas elegantes. Não como um príncipe convalescente, mas como um herdeiro que lembrava ao mundo a quem pertence o trono.

A porta se abriu com um rangido suave.

— Vossa majestade, estou aqui.

O homem que entrou parecia feito de sombra e precisão. Túnica negra de alto corte, detalhes dourados discretos, cabelos longos e prateados presos em um laço cerimonial. Os olhos cinzentos analisaram o quarto, os detalhes, e enfim pousaram em Erion. Nenhuma reverência exagerada apenas um leve inclinar de cabeça. Era o respeito entre estrategistas, não entre servo e senhor.

— Maedron, disse Erion, direto — Reúna o Conselho. Todos os comandantes de fronteira, o mago da corte... e o arcebispo. Prepare também os mapas da região.

O chanceler não respondeu de imediato. Em vez disso, analisou o príncipe por alguns segundos que pareciam longos demais. Não havia fraqueza ali. Nem febre. Nem delírio. Apenas determinação.

— Muito bem. Em quanto tempo os deseja aqui, alteza?

— Ao nascer do segundo sino. E em silêncio. Sem alarde. Que pensem que estou apenas me recuperando... por enquanto.

Maedron assentiu uma única vez.

— Entendido. Providenciarei pessoalmente.

Virou-se para sair, mas hesitou na porta. Seus olhos se estreitaram levemente, como se medisse o peso daquela transformação.

— O príncipe que conheci até ontem não falaria assim. Disse com calma. — Posso perguntar… o que mudou?

Erion ergueu-se lentamente e caminhou até a janela, observando os jardins que, por tanto tempo, conheceu apenas por trás de uma tela de jogo. O vento acariciava as bandeiras nas torres, onde tremulava o brasão de Valastros: um lobo prateado diante de uma muralha em ruínas.

— Digamos que... despertei. E Valastros também vai.

Maedron deixou um leve sorriso curvar seus lábios. Breve, enigmático.

— Então será um novo jogo, finalmente. E saiu, deixando apenas o som de seus passos no mármore como sinal de que algo, de fato, havia mudado.

Um tempo depois.

Os corredores de pedra do Palácio Real reverberavam com o eco das ordens do Chanceler. Maedron Valciren, envolto em uma túnica de lã escarlate com detalhes dourados do brasão de Valastros, caminhava com passos firmes e calculados. Seus olhos frios e atentos percorriam cada guarda, servo e cortesão com a autoridade de quem já não precisava se impor sua presença bastava.

— Enviem mensageiros às fortalezas da fronteira. Chamem os generais, os comandantes de guarnições... e o mago da corte. Que deixem seus postos com urgência. O príncipe os convoca. A voz de Maedron era como aço polido: contida, mas inquebrável.

Ele parou diante de um arauto, um jovem pálido de olhos arregalados.

— Você. Vá à Catedral Solar. Diga ao Arcebispo Lirael que sua presença é requisitada imediatamente no salão do conselho. Nenhuma desculpa será aceita. Leve o selo do Príncipe.

— S-sim, senhor! balbuciou o rapaz antes de sumir pelo corredor em disparada.

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Naquela mesma noite, do outro lado do castelo, sob o tremeluzir das chamas de uma lareira antiga, uma jovem observava seu reflexo num espelho rachado.

Sylphavelle D'Aurenhart.

Adotada ainda criança, vinda de origens desconhecidas, seus olhos sempre pareciam antigos demais para sua idade. Criada sob normas rígidas e olhares frios, aprendeu desde cedo a esconder emoções.

Mas agora… ela se lembrava.

De tudo.

De seu mundo anterior, das longas noites devorando romances e novelas até o amanhecer. E da tragédia que aguardava seu destino.

— Sylphavelle D'Aurenhart… filha adotiva do Conde Aurenhart… Murmurou, com a voz embargada, sentindo o peso das palavras como se não lhe pertencessem. Como se repetisse um papel que já conhecia de cor.

Noiva do Príncipe Caído, Erion. Um destino pior que a morte. Nas rotas sombrias do jogo e nas histórias alternativas espalhadas pelos fóruns de fãs, ela era sempre descartada. Usada como moeda política, como cobaia. Quando a queda de Valastros vinha e Erion morria, o caos se instalava, Sylphavelle era sequestrada. Seu sangue draconiano era descoberto e por ser um ingrediente raro era estudado, seu corpo, moldado à força por alquimistas e magos enlouquecidos. Sua alma, despedaçada.

Porém, desta vez… algo estava diferente.

Ela estava desperta.

Antes mesmo de encontrá-lo, antes do baile, antes do destino sussurrar promessas de dor, ela já sabia. E em sua alma, algo ecoou como uma resposta.

Uma janela surgiu diante de seus olhos, brilhando em silêncio, como uma estrela nascida dentro dela:

> [Sistema de Linhagem Desperto – A Herdeira do Dragão]

Status: Sincronização Incompleta

Missão Inicial: Desperte o Núcleo de Mana Draconiano.

• Requisito: Orbe de Mana Elemental – Grau: Único

• Local: Sala Selada, Subsolo do Castelo Real.

• Recompensa: Técnica Dracônica de Fogo: Alvorada Escarlate

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Sylphavelle leu lentamente cada linha.

O reflexo no espelho mostrava seus olhos dourados, brilhando como brasas sob a superfície fria.

"Então... era isso."

Não apenas uma jogadora que acordou no corpo de uma personagem secundária fadada ao sofrimento.

Não apenas uma vítima à espera de ser moldada.

Ela era uma peça que conhecia o tabuleiro. E desta vez, não jogaria para sobreviver. Jogaria para vencer.

Um leve sorriso curvou seus lábios. Calmo. Afiado.

"Dessa vez, não serei a peça de ninguém."

Ela caminhou até a janela e observou a noite estrelada de Valastros.

O destino soprava ventos antigos. E ela os ouviria.

Já tinha um plano.

E um caminho para forjar com as próprias mãos um destino novo, ardente e implacável como o fogo do dragão.

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Na manhã seguinte, os sinos do castelo ecoaram pelas torres, um chamado solene que ressoava como um novo começo.

As portas douradas do salão se abriram com solenidade, ecoando pela câmara abobadada. Tapetes escarlates conduziam até a longa mesa de madeira negra, onde o brasão do reino cintilava sob a luz dos vitrais. Um a um, os membros do conselho tomavam seus lugares figuras de poder, experiência e, em alguns casos, segredos bem guardados.

Erion entrou com passos decididos, agora envergando um manto escuro com detalhes em prata. Sua presença causava desconforto, não apenas pela juventude em contraste com os veteranos à sua frente, mas pelo olhar firme e a postura irretocável. Era um príncipe, sim, mas agora havia algo mais algo que nenhum deles sabia nomear, mas todos sentiam.

"Reúna os conselheiros. Todos os comandantes de fronteira, o mago da corte... e o arcebispo. Prepare também todos os mapas das regiões."

Essas palavras, ditas na véspera, haviam trazido todos ali.

Erion estava lá não sentado, mas de pé. Sua silhueta esguia projetava uma sombra longa e firme. Os conselheiros chegaram aos poucos, trocando olhares discretos entre si. A maioria ainda não compreendia o que estava acontecendo.

E então, o primeiro a romper o silêncio foi Sir Tharion Varnak, o mais temido guerreiro do reino. Um homem de poucas palavras e muitas cicatrizes, cujo olhar parecia sempre analisar o campo de batalha, mesmo em tempos de paz. Ele cruzou os braços e estreitou os olhos.

— Vossa Alteza, os soldados e cavaleiros estão exaustos. Cansados. Feridos. Precisam de cuidados e descanso. Peço que considere uma pausa estratégica.

Antes que Erion pudesse responder, uma voz melodiosa e impregnada de solenidade ecoou pelo salão.

— Precisamos de mais sacerdotes na capela da fortaleza leste. O Arcebispo Lirael, envolto em vestes douradas adornadas com o sol flamejante de Valastros, levantou-se com teatralidade. — Os soldados estão morrendo sem a bênção do Sol. Devemos priorizar a salvação de suas almas e de seus corpos!

Tharion bufou alto, com visível impaciência.

— Nós precisamos deles nos postos de cura! O que adianta salvar suas almas se seus corpos apodrecem no campo? Ele bateu o punho fechado contra a mesa. — Não estou pedindo bênçãos. Estou exigindo curandeiros de verdade!

Lirael arqueou as sobrancelhas, indignado, como se tivesse sido pessoalmente insultado.

— E eu já disse, general, que os rituais sagrados não podem ser realizados fora dos templos consagrados! É uma questão de doutrina, não de escolha! Ele fez o gesto do Sol com as mãos, como se invocasse testemunhas divinas. — Não sou eu quem decide!

— Sempre jogando com o véu da fé quando convém... Rosnou Tharion, sem disfarçar o desprezo.

O salão fervilhava. Outros conselheiros nobres menores, comandantes e escribas trocavam cochichos, nervosos com a tensão crescente.

Erion franziu o cenho. Aquela tensão lhe era familiar demais. Como um eco, a memória do jogo lhe veio: uma das rotas da campanha… o Arcebispo havia traído a confiança da coroa, revelando segredos estratégicos aos invasores em nome de uma "revelação divina". O resultado? Ruína.

Ele não deixaria isso acontecer.

Foi então que Erion ergueu a mão, e o silêncio caiu como um manto pesado.

— Chega. Sua voz era firme, imperturbável. — Não pedi para reunirmos aqui para ouvirmos disputas sem direção. Estamos à beira de uma ruptura externa e interna.

Ele se aproximou da mesa, olhando o mapa com atenção.

— Quero o estado real do reino. Qual a moral das tropas? Quantos ainda podem lutar? Como estão os recursos, os cofres e os suprimentos? Que acordos diplomáticos ainda nos sustentam e quais nos ameaçam pelas costas?

Por um momento, todos hesitaram. Mas então, um por um, os membros do conselho falaram. O comandante naval. O mestre dos registros. O intendente real. Cada voz revelando as rachaduras e oportunidades em Valastros.

Erion escutou a todos com paciência calculada. Tomou notas. Fez perguntas pontuais. Avaliou cada informação como peças em um tabuleiro invisível.

Ao final, ele se afastou da mesa.

— Obrigado. Dispensados, por ora. Preciso pensar. O plano virá em breve.

Erion suspirou, a situação estava pior do que ele imaginava.

Um a um, os conselheiros se retiraram, ainda murmurando entre si. Restaram apenas dois no salão: Tharion Varnak, que esperou em silêncio, e Maedron Valciren, que observava Erion com olhos semicerrados, como se buscasse decifrar o novo rei que surgia.

Chanceler Maedron foi o primeiro a falar, enquanto os ecos dos passos sumiram no corredor:

— Foi um bom começo, alteza… mas eles ainda não confiam em você.

— Não precisam confiar. Erion respondeu, observando o mapa à sua frente. — Apenas precisam me seguir até que não reste mais escolha.

sorriu levemente.

— E o Arcebispo?

Erion olhou para a cadeira vazia onde Lirael estava.

— Ele será um problema… mas agora eu sei onde ele falha. E desta vez, jogarei minhas cartas antes dele.

Erion sabia exatamente o que fazia. Deixou ambos ali propositalmente não apenas por confiar neles mais do que em qualquer outro neste palácio repleto de sorrisos venenosos, mas porque sabia que eles também precisavam ver isso. Precisavam sentir que sua lealdade era reconhecida. Que, ao contrário dos jogos e mentiras que corroíam a corte, ali havia confiança mútua. Ele não podia liderar sozinho… e esses dois homens eram as âncoras que ainda sustentavam a integridade do reino.

Ambos sempre permaneceram leais… em quase todas as rotas do jogo. Apenas duas vezes tinham se desviado: uma quando Erion se tornava paranoico, caçando sombras em plena luz do dia; outra, quando afundava no papel de tirano impiedoso, esmagando aliados com a mesma frieza que inimigos.

Mas agora, ele não era nem um insano, nem um tirano.

Erion retomou seus escritos num pergaminho disposto sobre a mesa de carvalho escuro. Escrevia instruções, anotava hipóteses, traçava ligações políticas como se estivesse decifrando um antigo código de guerra.

Foi então que um leve toque à porta cortou o silêncio.

Um criado jovem adentrou o salão com expressão nervosa, segurando as bordas do manto com ambas as mãos.

Um criado jovem adentrou o salão com expressão nervosa, segurando as bordas do manto com ambas as mãos.

— Vossa graça... Mileide Sylphavelle deseja vê-lo. Disse, com hesitação.

Erion e Maedron ergueram o olhar ao mesmo tempo. Erion em confusão, Maedron em surpresa contida.

O velho chanceler murmurou, com um sorriso que era metade ironia, metade genuína perplexidade:

— Estou tendo surpresas atrás de surpresas...

O servo engoliu em seco, temendo ter cometido alguma gafe ou quebrado o protocolo.

Mas Erion respirou fundo e respondeu com cautela, escolhendo as palavras como quem maneja uma espada de vidro:

— Tudo bem... Eu irei vê-la depois de terminar de revisar algumas coisas. Diga a ela para aguardar nos Aposentados. Logo eu irei.

O criado fez uma breve reverência e se retirou com passos rápidos, aliviado.

O silêncio retornou, mas não como antes. Agora havia algo novo ali: uma variável fora do tabuleiro.

Ficando novamente a sós com Maedron e Tharion, Erion deixou o olhar vagar por um instante, fixando-se em nada e em tudo. Pensou em Sylphavelle.

"No jogo, só nos encontrávamos duas semanas após o despertar… e mesmo assim, foi durante um baile simples, cheio de máscaras e intenções políticas disfarçadas de música. Foi ali que começamos a nos olhar de outro modo. Foi ali que, mesmo em meio às pretensões e à doença, algo verdadeiro brotou. O noivado foi arranjado para garantir um herdeiro a última linhagem nobre não podia morrer comigo. Mas ela... ela ficou apesar de seu fim trágico."

Após a doença se agravar, Sylphavelle permaneceu nos Aposentados Reais, recusando-se a partir. Cuidou dele mesmo sem promessas, mesmo sem garantias. No jogo, esse vínculo crescia aos poucos com silêncios significativos e momentos de ternura no meio do caos. Agora, ela estava aqui... antes do tempo.

"Algo mudou. Alguma peça se moveu fora da ordem. Não deveríamos nos encontrar ainda. Isso... pode significar risco. Ou oportunidade."

Ele precisaria de respostas. Mas antes, precisava de controle total do cenário imediato. Terminaria seus apontamentos, fixaria as rotas possíveis, e então enfrentaria o inesperado com a mesma frieza com que enfrentava um dragão ancestral no jogo.

"Sylphavelle. Um novo evento... ou uma armadilha?"

Erion não fazia ideia. Mas saberia em breve.

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