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Chapter 3 - O Homem de Busan

— Mãe?! O que está fazendo aqui?  —Pergunta Minjae intrigado.

Kang Mira ignora Han Jiwon, e olhando para o filho fala com frieza:

— Quero conversar com você agora... a sós.

Kang Mira, Minjae e Kyungwoo estavam na sala para conversar. O Tom era sério.

— Vamos precisar viajar a trabalho por alguns dias — disse Kyungwoo, com um olhar calmo. — Queremos que cuide da casa, tudo bem?

— E nada de ficar perto de Han Jiwon — completou Kang Mira, fria. — Aquela garota não te faz bem. É uma má influência.

Minjae mal teve tempo de reagir. Kyungwoo se virou para a esposa, o rosto tomado por incredulidade.

— Eu... eu não acredito no que acabei de ouvir. — Sua voz falhou por um instante. — Você precisa parar com essa loucura. Nós a criamos, Mira! Criamos como filha! E agora você diz uma coisa dessas?

Ele se afastou, segurando o braço de Minjae, balançando a cabeça como quem tenta apagar uma memória ruim. Kang Mira ficou ali, sozinha, imóvel.

Mais tarde, Kyungwoo parou em frente à porta do quarto de Jiwon. Bateu suavemente.

— Posso entrar?

— Pode sim, tio — disse ela, tentando sorrir, mesmo com os olhos ainda um pouco inchados.

— Está tudo bem? — perguntou ele, entrando devagar, como quem pisa em algo frágil.

— Estou bem...

Kyungwoo sentou-se na beirada da cama, respirou fundo e olhou nos olhos dela.

— Eu... vou viajar. Mas não consigo ir embora tranquilo, sabendo que você vai ficar aqui.

Jiwon apenas assentiu com a cabeça, tentando parecer firme.

— Eu vou ficar bem, tio.

Ele tirou um cartão do bolso e estendeu a ela com as mãos trêmulas.

— Por favor. Fica com isso. Só... me deixa sentir que você vai estar seguro.

Ela pegou o cartão com cuidado, como aquele gesto dissesse mais do que qualquer palavra.

— Tudo bem... obrigada.

Ele se despediu, caminhou até a porta, mas parou ali em silêncio. Quando virou o rosto de volta, seus olhos ficaram marejados.

— Me desculpe...

— Desculpa por quê? — Jiwon perguntou, confuso.

— Por tudo. Pelo jeito como ela te trata. Isso... isso nunca foi justo com você.

Ela respirou fundo, contendo uma emoção.

— Tá tudo bem... E obrigada por tudo. O senhor sempre foi mais que um tio. O senhor é... como um pai pra mim.

Kyungwoo sentiu o peso das palavras. Seus olhos brilharam de vez. Ele abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Apenas mais um sussurro:

— Me desculpe...

E então se foi, fechando a porta com delicadeza. Como quem se despede, mesmo sem querer.

 Assim que ele fecha a porta.

Jiwon senta-se encolhida, tentando conter as lágrimas. Até que o celular de Jiwon vibra. 

Era Soyeon, animada do outro lado da linha.

— Ei! Você está livre hoje? Pensei em a gente sair, comer alguma coisa gostosa... ou a gente pode se ver depois da escola também.

Jiwon tentou disfarçar o cansaço com um sorriso.

— Hoje não vou conseguir... mas amanhã, depois da aula, tô livre. A gente combina, tá?

— Obá! Combinado então! —disse Soyeon, empolgada. — Ah, e amanhã vai ter novidade: um novoto chegando... mas não é aluno, é o nosso novo professor. Primeiro dia dele. Vem direto de Seul!

— Sério? Já quero ver quem é — respondeu Jiwon, com uma risada leve.

— Pois é! Vai ser interessante. Enfim, boa noite, tá? Até amanhã! Beijo!

—Boa noite, Soyeon. Até amanhã. Beijo!

Naquela noite, Jiwon sempre temia o momento de dormir, pois a noite era um pesadelo constante. No entanto, naquela noite, ela sonhou com uma lembrança da infância: um menino a ajudou a levantar depois de uma queda de bicicleta. Seus olhares se encontravam, e ela se sentia segura ao lado daquela criança, embora não conseguisse ver seu rosto.

Quando o dia amanheceu, Han Jiwon sentiu que algo estava para mudar. Ela só não sabia se seria para melhor... ou para pior.

A amizade entre Jiwon, Soyeon e Nam Dohyun só cresce com o tempo. E pela primeira vez, mesmo em meio ao caos, Jiwon começa a sentir que talvez não fique mais tão sozinho assim.

O sol da manhã atravessava as folhas do pátio, criando sombras que dançavam sobre o chão da escola. Jiwon transmitiu a verdade pela primeira vez em muito tempo. Sentada entre Soyeon e Dohyun, ela ria de uma piada boba enquanto dividiam um lanche.

— Vocês dois são como aqueles personagens de dorama que vivem me arrastando pra confusão — brinca Jiwon, empurrando de leve o ombro de Soyeon.

— É o nosso charme — responde Soyeon com um sorriso debochado.

Dohyun apenas ri, mas seus olhos permanecem nos de Jiwon por um instante a mais. Depois seguem juntos para a sala. Assim que entram na sala e sentem-se. — um professor ainda desconhecido se apresenta à turma:

—Bom dia. Sou Park Seojun, substituto temporário de literatura.

Ao ouvi-lo falar, a sala parece silenciar de um jeito diferente, como se o tempo tivesse desacelerado por um breve instante. Jiwon ergue os olhos... e então o vê.

Não era apenas bonito. Era marcante. Seu rosto oval, com uma mandíbula firme e bem delineada, parecia esculpido. Os olhos — grandes, expressivos — tinham uma leve curvatura que transmitia algo entre inteligência e gentileza, mas também um quê de mistério. O nariz era perfeitamente alinhado, e os lábios, naturalmente rosados ​​e bem definidos, davam ao conjunto uma sensualidade contida, como se ele não tivesse consciência do próprio charme.

Mas não era só isso. Havia algo que a deixava desconfortável, algo que ela não conseguia nomear. Um arrepio subiu pela sua nuca, e o frio na barriga veio como uma onda inesperada.

Por que um homem como ele estaria em Busan... e apenas na sua escola? A pergunta ecoou em sua mente como uma sugestão persistente, deixando uma leve nó em seu estômago.

Enquanto Jiwon ainda tentava entender o que estava sentindo, observe um movimento ao lado. Minjae havia se inclinado sutilmente sobre a carteira, os olhos fixos no novo professor com um olhar estreito, quase avaliando. Ele não disse nada, mas a rigidez em sua mandíbula e o leve franzir da testa revelaram que algo o incomodava.

— Esse cara tem cara de quem esconde alguma coisa — murmurou Minjae, baixo o suficiente para que apenas Jiwon ouvisse. — Bonzinho demais pra ser só isso aí.

Jiwon lançou um olhar confuso para ele, mas Minjae desviou, pois não queria se explicar.

Já Dohyun, sentado à frente, parecia de outra forma. Encostado de leve na cadeira, deixou escapar um assobio baixo e um comentário descontraído:

— Uau. Aposto que metade da escola vai começar a amar literatura a partir de hoje.

Ele riu, mas ao virar-se discretamente para olhar Jiwon, a expressão divertida se suavizou ao vê-la tão séria.— Ei, tá tudo bem? — sussurrou.

Jiwon piscou, voltando ao presente. Forçou um sorriso, assentindo. Embora não tivesse certeza do que estava sentindo.

Minjae observava em silêncio os dois. Seus olhos foram do rosto de Jiwon ao de Park Seojun, e depois voltaram para ela — mais demoradamente do que o necessário.

E, do outro lado da sala, Park Seojun folheava um livro sobre a mesa. Seus olhos, por um breve instante, se ergueram e resgataram os de Jiwon.

Ela congelou.

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